Crédito: Aline Leão |
Giulianny
Russo
Vivemos hoje outra realidade escolar, bem distinta do que era antigamente, daquela que conhecemos quando crianças. Hoje, os pais não têm escolha em
mandar o filho para a escola e isso gera uma mudança importante em relação ao
público que esta atende.
Se antes era "optativo",
mandavam suas crianças para a escola somente as famílias que atribuíam valor a esta
instituição, ao conhecimento ali produzido - e isto influenciava significativamente o sentido
que a criança via naquilo que a escola propunha; era necessário também, para mandar o filho à escola, que as famílias tivessem condições de arcar com o custo de ter uma criança na escola e não trabalhando, e em geral, estas famílias mais abastadas são as mesmas que desfrutam do acesso aos bens culturais como teatro, cinema, livros e informação.
Exatamente para acabar com este "Aparthaid", onde quem tinha condições (financeiras e de estrutura familiar) ia para a escola e quem não tinha ficava em casa, na rua ou no trabalho, é que se instituiu a obrigatoriedade da educação escolar - já que esta separação é uma das grandes responsáveis pela perpetuação dos abismos sociais.
Hoje, consequentemente, a escola atende a uma pluralidade de realidades. Se isso por um lado fez com que todas as crianças ganhassem tanto por entrarem em contato com uma realidade menos simplória (e assim enriquecessem suas visões sobre o mundo) quanto por oportunizar uma mudança social nas condições de vida daquelas que não frequentavam, por outro, ao receber um público não triado, a escola precisou (precisa) se repensar para conseguir atender um público que é diverso, com interesses, com experiências, relações com a aprendizagem, formas de aprender, conhecimentos prévios, curiosidade totalmente diferentes.
Hoje, consequentemente, a escola atende a uma pluralidade de realidades. Se isso por um lado fez com que todas as crianças ganhassem tanto por entrarem em contato com uma realidade menos simplória (e assim enriquecessem suas visões sobre o mundo) quanto por oportunizar uma mudança social nas condições de vida daquelas que não frequentavam, por outro, ao receber um público não triado, a escola precisou (precisa) se repensar para conseguir atender um público que é diverso, com interesses, com experiências, relações com a aprendizagem, formas de aprender, conhecimentos prévios, curiosidade totalmente diferentes.
Ao mesmo tempo que é rico e
potente esse ambiente mais plural, se a escola continuar trabalhando na lógica
do homogêneo - de que é todo mundo igual - ela naturalmente estará fadada ao
fracasso, não apenas porque não conseguirá ensinar conteúdos, mas porque estes
não serão instrumentos úteis para a criança compreender o mundo - como
comentamos no artigo "Escola: alguma problematizações".
Este cenário não é
exatamente novo para quem reflete sobre a escola, a prática educativa e os
novos contextos educacionais. Portanto, o propósito deste texto foi o de
contextualizar e convidar a reflexão sobre a seguinte problemática:
Como a escola vai conseguir se transformar para atender as novas
demandas e a sua nova configuração? Como os pais vão apoiar um projeto novo e
em construção? Que pai faria a aposta em algo no escuro, já que é algo em
construção, sendo que o que empenha “é o futuro de seu filho”? Como bancar um
projeto educativo sem ter todas as respostas de partida, se contrapondo ao
modelo que, por ser o conhecido, aparenta mais seguro?
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