O simpósio Psicanálise e
Pedagogia, realizado no ano 2000, resultou em uma publicação que leva o
mesmo nome. O livro, organizado por Lino de Macedo e Maria Bernadete Amêndola,
traz a coletânea das palestras apresentadas na ocasião e, em uma delas,
Madalena Freire tratou sobre o tema “Aprender a ensinar”.
Compartilhamos abaixo duas citações da
Educadora que conversam diretamente com as reflexões trazidas no último texto
publicado: "A presença do professor e o amparo no processo de
aprendizagem”.
“Ora, só ensinamos e aprendemos porque
– gente que somos – construímos vínculos, e o fazemos através dos sentimentos,
quão nobres ou mesquinhos sejam eles. Somos constituídos por afetos porque
somos geneticamente sociais. Criamos nossa identidade no grupo. Quem eu imagino
que sou? O que eu imagino que o outro imagina que eu sou e sei? Tudo o que
decido, sou e sei somente se constrói no grupo. Somente sou o que sou porque
existe o outro.” p. 64
“Este sujeito educador tem a
responsabilidade de, ao instigar desejos, provocar intervenções e seduzir o
outro a aprender (“seduzir” no melhor sentido do termo, não se tratando
obviamente de “manipular”, mas de “fazer apostar”). Educador que parou de
apostar virou múmia. Educador que parou de ter medo, que deixou de sentir
aquela agonia antes de entrar numa aula, está anestesiado. Mas a ansiedade, a falta,
o medo, o mal-estar são sentimentos que indicam a temperatura do
aprendizado. Provoquei pensar, agonia, resistência e um outro elemento,
porque aprender é mudar, optar pelo novo e ninguém é tolo à ponto de jogar o
velho fora de cara e optar pelo novo. Aprendizagem é mudança, é o processo de
opção (...) e para a construção desse processo de opção, no processo de
formação, temos que valorizar e apoiar o trabalho de constância, sistematização
rigorosa.” p. 65-66
Vale dizer que não só esse texto mas, também os demais que compõem a obra, nos auxiliam a continuar pensando sobre a relação/vínculo construído entre professores
e alunos e os processos de ensino e aprendizagem.
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