A presença do professor e o amparo no processo de aprendizagem

Credito da foto: Aline Leão

Adrianna Nunez

Muito sabemos sobre a importância do professor no processo de aprendizagem dos alunos. Partindo do referencial teórico trazido pela concepção construtivista de ensino e de aprendizagem, ao contrário do que possa ser pensado quando tal concepção não é compreendida de forma adequada, o professor não é aquele que espera que os conhecimentos sejam construídos pelas crianças como se fossem gerados de forma espontânea, apenas esperando e respeitando o tempo de aprendizagem de cada um. Por outro lado, o professor também não é aquele que transmite/deposita o conhecimento no aluno que por sua vez nada sabe.

Na escola o professor é peça-chave para que os alunos se reconheçam como sujeitos ativos, seu papel é contribuir para que desenvolvam a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmos, numa ampla gama de situações e circunstâncias. De fato, é preciso considerar o tempo necessário que cada sujeito leva ao buscar compreender algo, as construções que faz, mas isso não significa que o professor deva assumir uma postura de espectador neste processo. Pelo contrário, ele precisa tomar muitas decisões: escolher e promover boas e significativas situações didáticas, pensar em encaminhamentos coerentes, dosar os desafios de acordo com o que sabe seus alunos, estabelecer agrupamentos que sejam produtivos, planejar boas intervenções, pensar no tempo didático, preparar espaços e materiais... enfim, há muitas escolhas que precisam ser feitas. Compreender toda a complexidade que envolve a ação de ensinar e aprender requer do professor uma atitude essencialmente investigativa e atuante em sala de aula.

Além dos saberes didáticos é preciso investir e cuidar da relação estabelecida entre professores e alunos. O que acontece nesta relação? Que tipo de interação existe entre os atores desta parceria, que em parte é invisível aos olhos, e pode ter a potência para impulsionar aprendizagens ou enfraquecer/minar o sujeito que precisa ser confiante e ativo no seu processo de construção e desenvolvimento? Como se dá a criação dos vínculos afetivos? O que se passa nas “entrelinhas” da sala de aula?

Sala de aula é lugar de reconhecer a singularidade de cada sujeito, é lugar de estar disponível a se envolver verdadeiramente com o projeto pessoal de cada um dos alunos, se envolver na tarefa formativa. Precisa ser um espaço de acolhimento, de compreensão e de confiança!
Acolher o aluno como ele é significa agir de maneira desinteressada (que não espera nada em troca), respondendo com generosidade à necessidade de cada indivíduo de se sentir valorizado e parte do grupo, aceito, querido. É preciso aceitar as crianças e jovens como são, sem imposições, para ajudá-los tanto quanto possível. Compreender e respeitar seu modo de pensar, sentir, agir, ser... se colocar no lugar daquele que aprende, se aproximar e buscar a conexão com a sua realidade – o que é possível através do diálogo e de uma escuta genuína, que são capazes de colher dados apresentados de forma verbal, mas que muitas vezes surgem de maneira velada, nem sempre expressos em palavras. E por fim, confiar – confiar na capacidade que seu aluno tem para aprender e comunicar esta crença, acreditar com firmeza nesta capacidade.

Ao invés de consolidar a ideia de que muitos alunos têm dificuldades de aprendizagem ou limitações, é mais proveitoso pensar e organizar meios para ajudá-los a reconhecerem suas potencialidades e descobrirem suas competências para vencer os desafios, os obstáculos que surgem na ação de aprender. Um professor que valoriza e que sabe das consequências sobre o que se passa no vínculo com os alunos é aquele que se pergunta constantemente: Como estou sendo com eles? Como eles estão sendo comigo? O que eles estão fazendo com o objeto de conhecimento? De que formam o tratam?

Para aprender e avançar o aluno precisa estar fortalecido, precisa sentir que a sala de aula é um lugar onde é possível se expressar, desenvolver a capacidade de pensar, de criar, mostrar o que sente, que é possível errar e valorizar mais a reflexão do que o resultado – sem medo de ser diminuído ou punido. Precisa perceber que o professor é um parceiro que o ampara e que está a postos para o encorajar neste caminho complexo, difícil, mas extremamente gratificante que é a aprendizagem!

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