Nossas Referências: Flora Perelman




No artigo “Tecnologias na sala de aula ou práticas de linguagem na sala de aula?” pontuamos o papel fundamental da escola no processo de inserção dos alunos na cultura escrita, por meio da reflexão e produção da língua, dentro de seu contexto social de uso, ou seja, o trabalho com as práticas de linguagem e, entre elas, o uso de suportes digitais.

Encontramos forte referência para esta discussão nos trabalhos de Flora Perelman, pesquisadora argentina, doutora em Psicologia e especialista em escrita e alfabetização, que investiga como ensinar a ler e produzir em meios digitais.

Em sua recente publicação na revista Veras – revista acadêmica de educação do Instituto Vera Cruz – Perelman explora algumas situações de ensino relacionadas às práticas de leitura na internet, em contexto de estudo, e às práticas de produção digital no ambiente literário  “para que os alunos possam estabelecer um diálogo relevante com as formas contemporâneas que os papéis do leitor, escritor, palestrante e ouvinte assumem para se inserirem em nossa cultura” (p.17).

Com frequência, a escola propõe que os alunos busquem informações na web por si mesmos, sem antes refletir sobre as características dos mecanismos de busca e sobre os textos presentes nos sites. É comum os estudantes pensarem que “tudo está na internet”, embora saibamos que as empresas que desenvolvem os buscadores tendem a privilegiar informações de países que representam as culturas dominantes e a hierarquizar os resultados da busca de acordo com uma lógica pouco explícita, determinando assim maior ou menor acesso à informação (p.18).

Então, é interessante notar que, quando a escola destina tempo didático para que os alunos explorem a diversidade de textos na tela e o professor intervém para impedir o clique rápido ou a escolha imediata, a sala de aula gradualmente se transforma em uma comunidade de intérpretes que se posiciona criticamente ante os conteúdos encontrados – resultado decorrente do entendimento sobre a não neutralidade apresentada pelos textos e também da consciência da impossibilidade de encontrar fontes de estudo confiáveis com um único clique. (p.20)


Revista Veras, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 17-25, janeiro-julho, 2019. DOI: 10.14212/veras.vol9.n1.ano2019.art346 


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