NOSSAS REFERÊNCIAS: César Coll



O último texto postado no blog, “Escola sem concepção consistente é como navegar sem bússola!”, traz uma reflexão imprescindível a respeito da necessidade da escola optar por uma concepção, por uma forma de compreender a educação e os processos de ensino e aprendizagem, para que possa dar consistência ao seu projeto educativo.
Hoje, compartilhamos um trecho do livro do professor César Coll*, que nos ajuda a pensar neste desafio.


"(...) para que teorias? Para interpretar, analisar e intervir na realidade que, por meio dessas teorias, tenta se explicar. Acentuando desse modo o caráter instrumental das explicações teóricas, evidenciamos a necessidade de que elas se mostrem potentes para dar conta de sua função. Na medida em que consideramos que o professor deve praticar um “pensamento estratégico”, ou seja, na medida em que ele deve ser capaz de dirigir e regular a situação que tem em mãos para ajustá-la aos objetivos que persegue, as teorias são interpeladas na dimensão instrumental à qual já aludimos. Tentaremos ser um pouco mais explícitos: necessitamos de teorias que nos sirvam de referencial para contextualizar e priorizar metas e finalidades; para planejar atuação; para analisar seu desenvolvimento e modificá-lo paulatinamente, em função daquilo que ocorre e para tomar decisões sobre a adequação de tudo isso.
Se aceitássemos que o ensino é exclusiva ou fundamentalmente uma atividade rotineira, estática e até estereotipada, não precisaríamos de teorias sobre essas características; nesse caso, as receitas e instruções seriam o mais adequado. Mas já sabemos que ensinar é outra coisa, e que os planos fechados raramente se adaptam às necessidades da situação.
Assim, parece que precisamos de teorias que forneçam instrumentos de análise e reflexão sobre a prática, sobre como se aprende e como se ensina; teorias que podem e devem enriquecer-se infinitamente com contribuições acerca do como influem, nessa aprendizagem e no ensino, as diferentes variáveis que interferem (diferentes tipos de conteúdos, formas de agrupamento diversificados, características da disciplina, contextos culturais contrastantes, etc.), mas que possam funcionar como catalisador geral de algumas perguntas básicas que todos nós professores nos colocamos. Como meus alunos aprendem? Por que aprendem quando aprendem? Por que, às vezes, não conseguem aprender, pelo menos no grau que eu tinha me proposto? Que posso / devo fazer para que aprendam? O que quer dizer “aprendem”? Aprender é repetir? É construir conhecimento? Nesse último caso, que papel desempenha o ensino em uma construção pessoal? O que é construído? Que papel deve ser atribuído aos conteúdos? E à escola, e à educação? Reproduz, aliena, liberta, desenvolve? E tantas perguntas mais." (p. 11-12)

Tabela adaptada de:


E para nós, fica a pergunta: É possível compatibilizar tais perspectivas?

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* César Coll é Professor do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação na Faculdade de Psicologia da Universidade de Barcelona / Espanha.

Referência bibliográfica
COLL, César. Construtivismo na sala de aula. 6 ed. - São Paulo. Ática, 2009.

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